Marcos Pontes chama corte de Orçamento de 'estrago' e diz que não pode 'ligar e desligar' pesquisas

Gabriela Biló/Estadão  ministro da Ciência e Tecnologia, Inovação e Comunicação, Marcos Pontes

BRASÍLIA - O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, chamou de “estrago” o corte no Orçamento da pasta anunciado pelo governo e disse não ser possível “ligar e desligar” pesquisas. A fala foi proferida em live nas redes sociais realizada neste sábado, 24.

“Ontem foi um dia muito movimentado em Brasília, com divulgação do orçamento 2021 com grande atraso, já estamos em abril. Estamos tanto trabalhando pro orçamento do ano que vem, quanto vendo o que vamos fazer com o orçamento deste ano, com o estrago, vamos chamar assim. Realmente foi muito comprimido esse orçamento”, afirmou o ministro.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, o presidente Jair Bolsonaro vetou R$ 200 milhões que seriam usados no desenvolvimento da vacina contra covid-19 “100% brasileira” anunciada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

No total, a pasta teve bloqueados R$ 272 milhões e vetados R$ 371 milhões. Os recursos bloqueados poderão ser liberados ao longo do ano, se houver arrecadação e espaço no teto de gastos, que limita o crescimento das despesas.

Hiato

Na live, Pontes disse que terá reuniões durante a semana para discutir com sua equipe quais são os projetos que poderão ser continuados, quais ficarão em stand-by e quais precisarão ser cortados. Ele não disse o que ocorrerá com o projeto da vacina brasileira.

“É chato falar isso, mas é fato. Tem certos tipos de projetos que, sem orçamento, tem um hiato e esse hiato mata o projeto. Pesquisa não é uma coisa que dá pra ligar e desligar, não existe isso, é uma coisa que tem que ter continuidade”, afirmou.

Ele disse ainda que, como ministro da Pasta, tem que defender o Orçamento da Ciência e Tecnologia e afirmou que os países desenvolvidos chegaram a esse patamar com investimento constante no setor.

“Não é uma coisa de uma hora pra outra, é igual à educação, não adianta investir um caminhão em educação em um ano e no outro ano não ter nada”, afirmou. “Pessoal do governo fala muito em gasto, mas temos que ver que recursos para ciência e tecnologia não é gasto, é investimento, que vai dar muito resultado para o país. Mas os resultados não são imediatos, tem que ser construído”.

Informações: Estadão/Lorenna Rodrigues

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