NÃO ERA POEIRA: CIENTISTAS DESCOBREM O QUE 'ESCURECEU' BETELGEUSE
Imagens de alta resolução de Betelgeuse mostram a distribuição do brilho na luz visível em sua superfície antes e durante o escurecimento. Imagem: ESO / M. Montargès et al.
"No final de suas vidas, as estrelas se tornam gigantes vermelhas", explica Dharmawardena. "À medida que o suprimento de combustível acaba, os processos pelos quais as estrelas liberam energia mudam. Como resultado, eles incham, tornam-se instáveis â??â??e pulsam com períodos de centenas ou mesmo milhares de dias, o que vemos como uma flutuação no brilho", completa.
Devido ao seu tamanho (se colocada no centro do Sistema Solar, Betelgeuse quase alcançaria a órbita de Júpiter), a atração gravitacional na superfície da estrela é menor do que em uma estrela da mesma massa, mas com um raio menor. Portanto, as pulsações podem ejetar as camadas externas da estrela com relativa facilidade. O gás liberado esfria e se transforma em compostos que os astrônomos chamam de "poeira".
Por essa característica, estrelas gigantes vermelhas são uma das principais fontes de elementos pesados â??â??no universo ? e por isso a poeira foi apontada inicialmente como a causa mais provável do declínio acentuado no seu brilho. Para testar essa hipótese, Dharmawardena e sua equipe avaliaram dados novos e arquivados do Atacama Pathfinder Experiment (APEX) e do JCMT em ondas submilimétricas (cujo comprimento de onda é mil vezes maior que o da luz visível) ideais para observar a poeira interestelar.
"O que nos surpreendeu foi que Betelgeuse ficou 20% mais escura, mesmo na faixa de ondas submilimétricas", conta Steve Mairs. Então não era poeira - o escurecimento simultâneo da luz visível e submilimétrica é evidência de uma redução na temperatura média da superfície de Betelgeuse em 200°C. "No entanto, uma distribuição de temperatura assimétrica é mais provável", explica Dharmawardena. "Juntamente com nosso resultado, esta é uma indicação clara da presença de enormes manchas estelares, cobrindo entre 50 e 70% da superfície visível, cada uma com uma temperatura mais baixa que o resto da superfície".
As manchas estelares, semelhantes às manchas solares, são comuns em estrelas gigantes, mas não nessa escala. Sabemos pelo Sol que a quantidade de manchas aumenta e diminui em um ciclo de 11 anos. Se as estrelas gigantes têm um mecanismo semelhante é incerto.
A equipe continuará acompanhando o brilho do Betelgeuse ao longo do próximo ano para descobrir mais detalhes sobre como a estrela está mudando fisicamente em diferentes escalas de tempo. "Embora não possamos prever quando a estrela explodirá, rastrear seu brilho nos permitirá não apenas entender melhor a evolução de uma classe interessante de estrelas, mas também ajuda a escrever uma página em nossa própria história cósmica", acredita Mairs.
Via: Max Planck Institute for Astronomy/East Asian Observatory
Fonte: Olhar digital.com.br
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