CIÊNCIAS E TECNOLOGIA: ACHADO O CADÁVER DE UM PLANETA COMO A TERRA
O fragmento rochoso “deve ser muito denso”, explica Boris Gaensicke, pesquisador da Universidade de Warwick (Reino Unido) e coautor do estudo, “por isso propomos que seja feita de ferro e níquel”. “Se fosse de ferro puro, poderia sobreviver na órbita em que está sem se desintegrar. Também é possível que contenha ferro e outros materiais consistentes, o que significaria que pode ser um fragmento grande do núcleo de um planeta cujo diâmetro original era ao menos de centenas de quilômetros, pois esse é o limite a partir do qual esses corpos começam a gerar elementos pesados”, explica.
No ano passado, essa mesma equipe foi a primeira a descobrir restos planetários em torno de uma anã branca. Eram fragmentos rochosos em plena decomposição. Naquele caso, o alinhamento era adequado e foi possível observar seu trânsito em frente à estrela. O novo método empregado neste estudo, baseado na luz emitida pelos gases, abre a porta para a descoberta de muitos outros sistemas solares mortos, sem necessidade de que estejam corretamente alinhados com a Terra.
“Um dos nossos próximos objetivos é encontrar e analisar todas as anãs brancas a até 130 anos-luz ao redor da Terra. Escolheremos as que apresentarem metais para uma análise mais detalhada. Graças a novos instrumentos que serão instalados em vários telescópios terrestres, incluído o William Herschel de La Palma [Canárias], poderemos estudar melhor estes astros e seus restos planetários, o que por sua vez nos servirá para entender melhor o final do nosso próprio Sistema Solar”, conclui Izquierdo.
Luza Fossati, do Instituto de Estudos Espaciais, em Viena, explica em um comentário ao estudo outra decorrência desta descoberta. “Como estes fragmentos planetários podem ser restos do núcleo de planetas rochosos, estudar o espectro lumínico de anãs brancas como esta pode nos ajudar a determinar a composição química e a abundância de metais nos núcleos planetários”, afirma. Isto inclui o nosso próprio planeta, já que é impossível alcançar seu núcleo para averiguar do que exatamente é feito.
Fonte: El País
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